terça-feira, 10 de junho de 2008

Respirar fundo.
Levantar os braços.
Saltar do chão.
Alçar vôo.
Seguir o rastro do vento.

Era o que queria ler, de manhã, ao abrir minha agenda.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Peripécias

Se tem uma coisa que mete mais medo em mim do que dentista, quarto escuro sem janelas ou família longe é o dia de amanhã. Ó, só de pensar, já me arrepio inteira!
A vida é sacana! Faz o que quer com a gente, na hora em que bem entende e nos deixa assim, sem defesa. Fico louca com isso! Fico puta da vida!
A gente tinha que ter uma arma, algo como um desativador de tristezas quando o amigo parte, o time perde ou o amor vai embora pra nunca mais. Seria só apertar o botãozinho vermelho e puf!, o peito pára de doer, a água não molha mais o rosto e o sorrisão aparece, terno, cheio de paz... Um socão de direita na vida!
Poderia ser também um bloqueador de saudade. A saudade é o sentimento mais dolorido de que se tem notícia. Aí, seria o botão verde. Não sei o motivo da cor, mas seria o verde. É apertar e sair por aí, alegre, assobiando, vendo graça nas coisas, sem sentir falta do alguém ou do algo.
Ou, de repente, um irradiador de certezas. Nunca mais ficar na dúvida se aceita a proposta de emprego no Pólo Norte ou se segue pela estrada de tijolos de bicicleta ou se parte para a Groenlândia a nado. Aperte o botão azul e descubra que o Pólo Norte vai derreter em dois anos e que você morreria afogado e saiba que o pneu da bicicleta vai furar no meio do caminho e não terá ninguém a quem pedir ajuda, o que faria você ficar estacionada por décadas. E, em que direção fica a Groenlândia mesmo?
O botãozinho branco seria o propagador de sonhos. Desistir por causa da vida de novo?? Nunca!! Com um ‘click’, os sonhos, em vez de terminarem, aumentariam!! Quero ver com quem a vida iria nos amedrontar! Quero ver!


Mas, ao mesmo tempo em que penso nas armas, penso na paz. As dores que a vida nos traz não são em vão. Enquanto ela vive, a dor, a gente queria mesmo ter um desativador de tristezas, mas depois de um tempo, santo tempo, a gente descobre o real motivo dela haver existido e agradece por isso. O bloqueador de saudade também não seria assim tão útil, já que a emoção do reencontro faz a gente se esquecer da agonia anterior. E as incertezas? Ah, as incertezas nos dão certezas um dia. E, cá entre nós, sem elas a vida seria uma graaande chatice.
Só faço questão de apertar o botãozinho branco. Ah, esse sim faz falta! E agora eu sei o motivo da cor: o branco é a sobreposição de todas as cores. E os sonhos devem ser coloridos! Porque ele, que não é o do travesseiro, faz da vida difícil mais fácil, da vida amarga, doce, da vida desesperada, tranqüila. E porque a gente só pode sonhar até sempre. Com dor, saudade e [in]certezas.