terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Romântico diálogo para linguistas


- O quê?
- Só olhando.
- Para meus olhos cansados?
- Para seus olhos de infinito...
- É manhã demais pra suas metáforas!
- Tem hora pra metaforizar?
- Tem hora pra não metaforizar.
- Quero mergulhar no infinito! Para sempre, morar no infinito.
- Hipérboles também são cansativas, vá!
- Metáforas são?
- Falei sobre hipérboles; não sobre metáforas...
- Seu 'também'...
- Foi pra fazer par com meus olhos cansados. O despertador já tocou, pode acordar agora!
- Tá. Então eu paro com os versos.
- Para, é?
- É... Não quero mais ser suavemente violentado por suas belas palavras de carinho.
- Eufemismo ou sinestesia?
- Ironia.
- Difícil não se irritar com você; não gosto quando com meus olhos cansados brinca de fazer poesia. Não gosto, detesto, repudio. Nem de você eu gosto!
- Gradação...
- Ironia.

E antes de voltar à aula, ela lhe sorriu com um sorriso novo, cru, verdadeiro, desprovido de entrelinhas. E ele lhe devolveu o mesmo presente, depois de recuperar o fôlego. Os dois, de repente, entenderam: personificação. Do puro sentimento do amor.

4 comentários:

Fabricio disse...

Depois de mergulhar nos olhos de infinto, ele ganhou um sorriso de presente... simplesmente fantástico.

Profª Simone disse...

Liiiiiiiiiii, perfeito!!
Tanto que a gente procura textos pra trabalhar figuras de linguagem!!

Com certeza vou usá-lo e muuuito.

Parabéns, Hermana. Nunca na vida conseguiria escrever algo igual. rs

Beijos
Vou divulgar ;)

Clecia disse...

Lilian, amei esse texto! Como a Si falou, dá mesmo para usar em sala de aula com os alunos. Você realmente escreve muito bem! :)

Karla Reis disse...

Encantador, perfeito. Parabéns, irmã da Dona Simone! rs